Fonte: Diário de Notícias
“Obviamente que depois de perceber os contornos da situação é fácil concluir que houve negligência e uma falta de respeito por terceiros”, começa por afirmar ao DN Cláudio Nogueira, presidente do Rottweiler Clube de Portugal, sobre o ataque de um cão desta raça a uma criança de quatro anos, em Matosinhos, na passada terça-feira.
Diz que “há um desrespeito no que toca às leis que envolvem cães de raça perigosa, visto que, além de solto, não tinha nenhum açaime”.
“Estamos a falar de um dono que não tem perfil para ter este tipo de cão. Não conhece a legislação e o cão não estava preparado e educado para socializar e estar na via pública, quer através dos meios de contenção, quer através de treino”, acrescenta o responsável.
Destaca ainda o que a lei diz sobre este tipo de situações e o que a lei prevê. Neste caso, a “obrigatoriedade de qualquer cão estar com trela na via pública. Para as raças potencialmente perigosas é preciso também açaime”.
“Se o cão da situação de ontem tivesse trela, nada disto teria acontecido”, sublinha o presidente do Rottweiler Clube de Portugal.
Relativamente a medidas de prevenção e ao que os donos de cães, não só os de raça potencialmente perigosa, podem fazer para evitar situações como a que aconteceu em Matosinhos, Cláudio Nogueira diz que “existem inúmeras escolas por todo o país, às quais os donos dos cães devem recorrer”.
“Noutros países, por exemplo no norte da Europa, é obrigatório educar os cães e, de dois em dois anos, é preciso apresentá-los para um teste. Era uma medida importante para cá, especialmente para cães destas raças [potencialmente perigosas] em particular”, refere.
Destaca ainda a falta de rigor e de cumprimento por parte das autoridades, dizendo que as pessoas não passeiam os seus cães com trela (nas raças perigosas também com açaime) e não são multadas, nem chamadas à atenção.
“Quantas vezes a polícia multou alguém por andar com o seu cão sem trela? As autoridades deviam ser mais rigorosas no cumprimento da lei. Ninguém é chamado à atenção. Não digo que isso erradicasse estas situações, mas ajudaria muito. Se houver uma consequência, as pessoas cumprem a lei”, afirma, realçando que há muitos mais casos do que aqueles que são divulgados.
“Estes casos são os que chegam ao público, mas conheço inúmeros casos iguais, mesmo dentro das famílias. Não há um mês em que não receba um pedido de ajuda”, conta.
A menina que foi alvo do ataque está consciente e a mãe, que também ficou ferida, já teve alta hospitalar. A criança apresentava feridas no couro cabeludo, num ombro e numa mão.
O dono do animal esteve toda a manhã no Tribunal de Matosinhos e já terá sido ouvido pelo Ministério Público.
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